domingo, novembro 26, 2006

 

Famílias...

Há muito tempo atrás, um grande amigo deu-me um ensinamento que nunca mais esqueci. Acho que estou a vê-lo, no seu jeito filosófico, explicar-me que família é um dos valores mais importantes do ser humano. Há quem diga que os familiares não se escolhem e, se pensarmos bem, é uma verdade que não é pertinente. É na família que nascemos, crescemos, aprendemos e, se assim o decidirmos, vivemos, até morrer - há quem acredite também que na descendência permanecemos vivos. É algo incontestavelmente importante para nós; evolui e nós acompanhamos, interagimos e modificamos o seu curso. As memórias que temos, os acontecimentos fulcrais, as festas e as tristezas, a partilha, os sentimentos... estão imbuídos da nossa família e nós também lhes pertencemos. Convém, portanto, compreender a enormidade da família que nos pertence e pensar no modo como viver essas relações.

Não posso, como é claro, menosprezar o lugar dos amigos e, tenho em crer, são eles que perfumam o ar respiro, me aquecem quando tenho frio e me acompanham em, mais ou menos, tudo o que faço. Para mim, conhecer uma pessoa e fazer crescer uma amizade é das actividades mais agradáveis que conheço. Ao contrário da família, que conhecemos durante toda a nossa vida (mesmo do tio que está na Austrália vimos fotografias de quando era pequeno e ouvimos as suas tropelias!), com os amigos temos a oportunidade de começar do zero a conhecer uma pessoa. Depois, à medida que conhecemos a pessoa, vamos aprendendo verdades ligeiramente diferentes da nossa, modos de vida e rotinas que não imaginávamos. E nós também crescemos com esse contacto e mudamos de acordo com a relação. Dou por mim a ser completamente diferente em termos de estilo, de linguagem e mesmo de temperamento, de acordo com a pessoa com quem estou e, ainda por cima, agrada-me imenso. Faz-me sentir completa! Para mim, como uma explosão gera energia, assim o acto de criar um amigo gera prazer.

Existe uma sub-espécie de categoria: é a daquelas pessoas de quem gostamos tanto, que até queremos levar a fazer parte da nossa família. Não sou pessoa de levar muitas pessoas a conhecer os meus familiares. Tenho uma certa necessidade de protecção, até porque tenho uma família porreira e não quero provocar grandes distúrbios. Talvez também porque sou egoísta e quero guardar as coisas boas todas só para mim. Ou seja, para dar alguém a conhecer à minha família, tem de ser muito íntimo para ter contacto com essa (minha, minha, minha) realidade.

Concluíndo, se formos afortunados, vemos a nossa vida enriquecida e repleta de outras vidas, com características e funções completamente distintas. Gosto disto, faz-me elaborar o meu próprio diagrama como pessoa.

Obrigada!

Comments:
Muito bonito, mana...

O sentido de família é muito importante, e participa, de forma holística, na contínua construção da identidade de cada um.

Nesse Todo onde pertencemos, estamos mais próximos de certas pessoas, que partilham connosco os momentos de maior intimidade das nossas vidas.

Bem sei que vivemos essa intimidade familiar de forma muito distinta, já que, ao contrário de ti, eu sou bastante reservado, mas a névoa emocional que emano é facilmente dissipada pela tua especial empatia e clarividência.

Beijinhos.
 
Olá Tita!!!
Realmente a família é o valor mais primitivo... talvez isso explique a facilidade que nos deixamos atingir por situações relacionadas com esse núcleo tão forte. Para além dessa família biológica, temos outra também muito importante, mas esta temos a opção de escolha. Podemos escolher as pessoas erradas e até mesmo as pessoas certas e deixá-las entrar na nossa vida! Esse é o valor mais rico que tenho...

Obrigada por estares sempre aqui ao meu lado.

Beijoca:)
 
Devo ter sido muito intimo de ti pois conheci a tua familia... mas fui mesmo....
 
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