quinta-feira, janeiro 18, 2007

 

É um dos teus medos?

«Apareceste e a vida mudou, só voltei a pegar no livro que andava a ler meses mais tarde, perdi o apetite, dei comigo a beber uma cerveja antes de me vires buscar para o sorriso que te agradava surgir mais facilmente. (...) A vida mudou, sobretudo na cabeça, pela rua continuei basicamente sozinha, espera, não te estou a culpar, bem pelo contrário, estavas dentro de mim e eu ia para todo o lado, como antes, quando ganhasses juízo seria melhor, de amante a namorado e pai de filhos sem perder aquele toque de clandestinidade perversa que me fazia tremer de excitação ao subir as escadas de tua casa. Nas Virtudes; muito me ria com esse nome! Se na realidade chegaste a ganhar juízo não se pode dizer que o tenhas feito depressa, estávamos quase tanto tempo zangados como no céu, tu fornecias pretextos aos montes, difícil era escolher. E eu nunca fui embora. Chorava, dormia, falava com os amigos; era livre à tua espera. E agora uma estranheza que me assusta por estar a teu lado e pondo a hipótese de teres mudado, toda a viagem a tenho sentido, e se não consigo viver a dois como sempre te pedi?»

In Muros, Júlio Machado Vaz

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